quarta-feira, 15 de julho de 2009

Pós-morte - parte II

"A morte parece interessante, sempre tive a curiosidade de saber como ela seria, andei por muitos lugares, vi muitas pessoas morrerem, percebo hoje a verdade, estou mais morto que todos esses, estou apático com a vida. Perdi todas as pessoas que gosto, já fiquei a beira da morte. Por isso digo que não estou vivo, fazem anos que não encontro ninguém do passado. Infelizmente eu encontrei hoje."
Esse poderia ser o tipo de pensamento que o homem teria ao entrar em seu apartamento, de fato o teve. Estava irritado e confuso, mas se mantinha em silêncio, tranca a porta do seu apartamento e segue em direção a cozinha diminuta, onde abre uma geladeira e enche um copo com água, aliás a única coisa que tinha naquela geladeira.

-Aceita? - Mostra o copo de água para a jovem que se encontrava em sua casa.
-Não. - Ela respondia enquanto passava o dedo sobre os móveis empoeirados.
-O que veio fazer aqui? - Retrucava o homem como se estivesse insatisfeito com a presença dela naquele lugar.
-Meu irmão fugiu.
-Seu irmão está morto. - O homem se mantinha áspero.
-O que te faz reagir assim? Ele era seu melhor amigo, e agora você não dá a mínima para o que acontece com ele? - Ela parecia estar cada vez mais indignada com a reação do homem.
-E o que você espera que eu faça? Que lute com seu irmão em um próxima batalha suicida? Uma luta sem propósito, na qual o resultado seja um massacre? Você sinceramente acha que vale a pena? - O homem parecia sobrecarregado, parecia que iria desabar a qualquer minuto, ele retira um isqueiro do bolso e um cigarro da cozinha, ele calmamente acende o cigarro e solta uma baforada de fumaça antes de continuar sua fala.- Eu perdi tudo, inclusive meus amigos, agora sai já daqui.
-De fato você perdeu, mas não demonstra querer fazer algo para recuperar.

A mulher, começa a andar em direção a porta, ela parecia ter desistido do assunto. Ao tocar na maçaneta da aporta, ela apenas ouve uma exclamação, "cuidado!", algo estava errado, o homem ainda com o cigarro na boca pula por cima dela, ele a derruba e cai sobre a mulher, nesse mesmo instante a porta que a mulher havia tocado explode, uma explosão forte o suficiente para destruir tudo que havia dentro do apartamento.

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