domingo, 26 de setembro de 2010

Chris e o avião

Estava caminhando fazia algumas horas, esse tempo passou consideravelmente mais rápido do que as horas anteriores, agora que possuía um companheiro de caminhada tudo aparentava mais simples, Stephen andava carregando a caveira na mão, seu nome era Chris, um nome bastante comum, sua história também era interessante, algo como um ator de cinema que sofreu um acidente de avião e se perdido no deserto, agora ambos andam em direção do avião perdido, claro que era apenas um crânio de um provável quadrupede, claro que qualquer chance de termos um ator, animal, e ele se ter um avião é absolutamente remota, o que qualquer pessoa sã pode determinar com clareza.

Stephen não era uma pessoa sã, contava alegremente para a caveira tudo que havia passado, todos os eventos misteriosos que lhe ocorreram, também contou seus gostos e de como estava animado por ter encontrado alguém para conversar, já que não se lembra de ter conversado com ninguém.

Estava indo na direção sugerida, até que avistou um reflexo, aparentava ser algo metálico, correu desesperadamente, até encontrar de fato um avião, claro possibilidades remotas, acontecem remotamente, porém acontecem, fatos isolados que nunca poderiam acontecer na realidade, de fato esses fatos acontecem mais na realidade do que na ficção, de qualquer jeito, lá estava, um avião semi-enterrado, onde poderia sentir uma pontada de esperança, se não havia alguma chance de escapar dali com ele, o que ainda seguindo nosso rumo de estudo de probabilidade e estatísticas, seria uma chance muito pequena.

De qualquer forma Stephen vasculha o avião, conseguiu entrar graças a um buraco no casco, segue em busca de comida, água, refrigerante e sucos. Salgados e grãos, era tudo o que encontrou, mas nunca tivera uma refeição tão, desde que se lembre da realidade, Stephen estava feliz e grato por seu novo amigo que se recusou educamente qualquer oferta de alimento, claro que sabemos que ele não precisa da comida.

Encontrou além da comida, algo muito importante, um abrigo do sol, mas sabia que não poderia ficar ali por muito tempo, poderia não conseguir sair mais dali. Infelizmente a tentação de sombra e cadeiras estofadas, ligeiramente degradadas, era uma idéia tentadora, tentadora o suficiente para Stephen cair no sono.

Sonhos atacam sua mente, um carro, sua mente agora via um carro destruído, era apenas um garoto e conseguia ver um carro parcialmente destruído, via que tinha ocorrido um acidente, ninguém seria capaz de sobreviver a um acidente, era um garoto, possuía aproximadamente 10 anos, possivelmente menos, dificilmente 10, lágrimas escorriam por seu rosto, estava preso naquilo, cenas constantes de dor cruzaram sua mente, ouvia gritos, luzes, sangue.

Stephen acorda com suor em seu rosto, não sabia que horas eram, estava escuro, tateia até se lembrar em que posição estava, precisa chegar a saída rapidamente, ele alcança a porta de saída, por onde havia entrado, mas seus temores estavam certos, ele estava preso, a porta não abria, estava emperrada, não conseguia ter forças para sair, algo lhe dizia que isso iria acontecer, agora que tipo de força agira no momento para o deixar trancado não era importante, o importante é que estava preso, dentro de um avião enterrado em um deserto, Stephen e Chris estavam presos e tinham apenas um ao outro para contar no momento.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Prisão

Seu coração batia mais rápido quanto mais o carro avançava, percebia que as coisas não eram como aparentavam, nem sempre temos o que queremos, e Jake não teria sua vingança. Estava agora em uma prisão totalmente diferente que tudo que já vira antes. Essa prisão possuía um incrível deserto entre o portão inicial e a parte central, o carro estava na metade do caminho e ele não conseguia ver ainda seu destino, ele conseguia sentir a ausência de seres vivos, não havia um único ser vivo em todo o campo de visão, até onde entende das coisas aquilo é ótimo.
Claro que a vida não é tão simples assim, ele não iria entrar. Obter respostas e sair, infelizmente, as respostas podem demorar a aparecer e muito provavelmente de uma fonte inesperada, seu coração palpita seu objetivo agora atingia seu campo de visão, sua cabeça maquinava, tinha a pista correta de que seu alvo estava naquela prisão, apesar de ser bem mais parecido com um campo de concentração.
Depois de aproximadamente uma hora ele havia finalmente chegado, torres altas se estendiam por todas as pontas da grande construção de pedra maciça, uma construção imponente, porém seca, ríspida, ao entrar no prédio poderia sentir a ausência de cores, a falta de sentimento. Não havia nada que pudéssemos reparar como beleza arquitetônica ou variação de cores. Ainda arrastado pelos guardas Jake se encontra em algo que se parece com uma recepção, imediatamente pessoas vestidas de médico se aproximam dele, subitamente ele sente uma fisgada em seu pescoço, tudo estava começando a ficar preto, estava sonolento e rapidamente estava dormindo.
Sua cabeça girava, estava zonzo e finalmente entendia porque poucos saiam dali, eles eram mantidos drogados, como ele mesmo estava agora, suas idéias não eram processadas, seu corpo não obedecia seus comandos e uma dor de cabeça tornava impossível a concentração, demorou um certo tempo para perceber que estava em uma cela fechada, um ambiente iluminado onde podia ver outras pessoas, sabia que não iria parar na cela de segurança máxima, estava bastante feliz por isso.
Parece que havia dormido por horas e um prato de comida jazia ao pé de sua cama, não estava com tanta fome, mas achou melhor comer de qualquer jeito, queria poder observar aquela prisão, mas parecia praticamente impossível, levantou desajeitadamente e começou a comer com a boca bem próxima do prato, seus sentidos não eram os mesmos e não conseguia localizar o alvo mesmo assim.
-Olá.
Jake olha pra cima de onde havia o som, percebia que estava sentado em um beliche e em cima dele um velho, com poucos dentes na boca e uma aparência triste e insana, ele possuía um sorriso tenebroso estampado em sua cara.

sábado, 31 de julho de 2010

Atordoado

Charlie desperta rapidamente, seu interfone estava tocando desesperadamente, o porteiro parecia mais nervoso que o habitual, sentia um frio na espinha enquanto percorria a sala até chegar ao aparelho que gritava, atende o aparelho com certa demora em seus movimentos, o porteiro balbucia alguma coisa que sua mente não compreende exatamente o que significa, claro pode subir sua boca involuntariamente responde.
Claro se fosse um assassino psicopata estaria entrando em seu apartamento nesse exato momento, bem iria descobrir isso naquele exato momento, o barulho da campainha consegue soar mais estridente do que o interfone, seu coração dá um pulo, a campainha soava novamente, sentia um péssimo pressentimento sobre aquilo, mas quem diria Charlie nunca acreditou em pressentimentos, abre a porta.
Do outro lado da porta um homem de terno, bem apessoado se encontrava, ele abria um sorriso que formava um contraste com o resto do seu rosto, sério e metódico, um rosto grave de traços caucasianos e um cabelo cortado em estilo militar, não parecia para ele ninguém conhecido. Antes que pudesse pensar em qualquer coisa o homem saca um distintivo e fala imediatamente.
-Posso entrar?
Não é um pedido incomum, ainda mais com um distintivo, apesar de não entender nada sobre aquilo e nem saber se o homem podia entrar em sua casa assim repentinamente, deixou o homem entrar educadamente, Charlie pensa que não conseguiria impedir a entrada do policial, ou agente, ou qualquer coisa assim, ele parecia estar com um semblante bastante sério. O acompanha educadamente até o sofá, oferece uma bebida para o visitante, ele não aceitou e começa a falar subitamente.
-Na verdade não quero tomar muito do seu tempo, sou o agente Duncan.
Agente soou meio pesado aos ouvidos de Charlie, claro ele deve pertencer ao serviço secreto ou qualquer uma dessas agencias que podiam matar sem problemas, seu sangue parecia desaparecer do seu corpo.
-Não precisa ficar assustado, estou aqui apenas para fazer algumas perguntas sobre sua consulta médica.
Ele havia lido seus movimentos corporais corriqueiramente, com certeza não poderia mentir, conseguia perceber que Duncan era capaz de extrair qualquer tipo de informação dele, então decidiu contar sem rodeios a verdade.
-Consulta médica? Se é que pode-se chamar aquilo de consulta.
-Como assim posso saber?
-Eu esperava a solução das minhas dores, ou pelo menos saber o motivo deles, mas só consegui palavras de um louco...
-Um louco? - o agente parecia agora intrigado - Até onde eu sei Charlie, posso te chamar de Charlie? - Charlie acena educadamente - o doutor Turner é um dos melhores médicos desse país, um daqueles que cobra caro.
-Por isso mesmo me sinto mais ultrajado. E sem querer parecer um pouco drástico acho estranho uma consulta médica interessar alguém com sua posição?
-Imagino, gostaria de saber se você pediu o dinheiro de volta, já que saiu insatisfeito dela.
O agente Duncan havia ignorado a pergunta claramente, mesmo assim Charlie decide não persistir nela, não no momento.
-Na verdade não, como pode ver, eu não tenho problemas com dinheiro, ele fez o seu trabalho e por mais absurdo que o médico possa ter soado, ele assim como todos os outros me disse que tenho um problema e como todos os outros é visível que eles estão errados. A diferença é que ele conseguiu me diagnosticar sem nenhum exame.
-Claro e por isso ficou indignado, bem então gostaria de me dizer o que fez nas últimas 12 horas?
Como assim 12 horas? Havia dormido tanto sem perceber? Bem a resposta saiu quase que imediatamente.
-Bem eu estava dormindo, desde quando voltei da consulta acabei deitando e dormindo.
-Você quer me dizer que dormiu por aproximadamente 22 horas?
-Como assim? - Deixou escapar seu pensamento alto, estava agora preocupado, havia dormido 22 horas?
-Quero dizer que você não acha que 22 horas, é bastante tempo para um cochilo matinal?
-Eu nem sabia que havia dormido tanto.
-Então você está alegando que não sabe nada sobre a morte do doutor Turner?

Espera

O homem de preto estava sentado o que em outro momento havia sido um sofá, estava no último andar de um antigo prédio de negócios, um prédio condenado, seria implodido no dia seguinte, por isso era uma boa escolha para ele, poderia esperar e sabia que seus rastros seriam eliminados no dia seguinte, mas mesmo assim estava preocupado.
Em sua mão uma moeda rodopiava, estava atento para cada movimento ao seu redor, olhava fixamente o chão, a moeda passava entre seus dedos mudando constantemente, a moeda mudava de um lado da mão para o outro. Seu pé seguia um ritmo que aparentemente era seguido pela mesma moeda, a cada extremo do dedo seu pé batia em uma mesma variação de tempo, estava aparentemente concentrado nessa atividade.
Finalmente ele abre o sorriso, finalmente quem esperava estava chegando, minutos depois um casal atravessa o umbral da sala em que se encontra, estavam ofegantes e demasiado agitados, o homem de preto fala com certa urgência.
-Vocês foram seguidos?
-Não - responde o homem seguro de si mesmo - Expliquem-me agora o que está acontecendo.
-Meu irmão está vivo - responde a mulher prontamente -, ele fugiu, mas provavelmente ele não se lembra de nada, por isso não entrou em contato, além disso existe uma lista com todos os nomes e endereços dos sobreviventes...
O homem parecia confirmar, estava digerindo tudo devagar, as coisas pareciam fazer sentido. O homem de preto conclui o que parecia obvio para todos naquele momento.
-Eles estão se movendo com urgência, não querem que nos reúnam, temos vários que nunca lutaram ao nosso lado e provavelmente estão fora da lista deles, o importante é encontrar e reunir o máximo de sobreviventes possível.
O homem de preto guarda a moeda no bolso e acena, todos eles entenderam o recado, precisavam se mover e continuar fugindo, eles eram perseguidos por pessoas poderosas e manter o anonimato seria difícil.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Sorte

Charlie estava deitado no sofá olhando para o lustre do seu apartamento novo, admirava as peças que o ornamentavam, estava lembrando do dia em que a decoradora vira seu apartamento luxuoso de frente para praia e escolhera todos os móveis e como aquele luxo não combinava ao seu ver com mais nada naquela casa. Mas até aquele dia o Charlie nunca tinha sido rico, na verdade nem ao menos teve o trabalho para galgar essa posição, sinceramente ele nunca deu valor ao dinheiro, havia apostado em uma loteria apenas por brincadeira e a sorte sorriu para ele, lembrou como se tornou um milionário do dia para a noite.
A vida podia ser assustadora para alguns, para muitos o monstro do capitalismo o devorava com indiscrição. Charlie mesmo assim não ligava para certos fatores, mesmo assim mostrava ter sorte a sua vida inteira, nunca foi bom em particularmente nada, mas era um apostador exímio, sempre levou vantagem em jogos de cartas, além de qualquer outro tipo jogo de azar, a vida sempre o desapontara em muitos fatores, a morte de seus pais precocemente em um acidente o havia abalado muito, ir morar com seus tios havia sido um pesadelo, não por culpa deles, felizmente eles o tratavam bem, mas a série de psicólogos que o examinavam e pessoas que o olhavam curiosamente, perguntava como ele foi o único a sobreviver aquele acidente, religiosos o viam como um menino querido por Deus.
Charlie agora refletia sobre suas dores de cabeça e sobre a consulta que acabara de voltar, tudo aquilo parecia besteira, pagara muito caro por aquela consulta, mas o que ouviu no médico parecia ser absurdo de mais para ser real, deitado daquele jeito ele reflete sobre tudo isso e se contorce enquanto as palavras do médico faziam sentido, mas sua mente descrente as refutavam assim que tomavam uma forma palpável.
Ele sentia apenas uma dor de cabeça convencional, havia se convencido, é apenas uma sinusite ou renite, ou qualquer outro tipo de doença que incomodava a cabeça, estava convencido disso, e tudo na sua vida foi apenas sorte. Apenas sorte... Sua mente vaga até adormecer.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Algemado

Jake estava dormindo enquanto o ônibus chacoalhava, a estrada estava escura, muitas coisas haviam acontecido com ele recentemente, pra ser preciso nos últimos cinco anos. Sentia que só podia descansar nos momentos em que estava viajando, onde tudo era tranquilo, havia alguns meses que ele encontrara uma pista definitiva sobre a verdade de tudo que lhe cerca, isso o fazia sentir saudades de sua vida, estava no encalço de uma pista fazia quase um ano, até que finalmente havia encontrado o seu objetivo.

Estava praticamente sozinho no ônibus, a chuva batia nas janelas, era uma chuva fina e leve, de repente o ônibus para, esse era o sinal de que tinha que ficar alerta novamente, a tranquilidade daquele momento se dissipara, aquilo também era comum em sua vida, agora homens bem vestidos entravam no ônibus, usavam ternos e possuíam uma aparência suspeita, apresentam seus distintivos ao motorista do ônibus, que por sua vez assente e sorri constrangido, havia visto algumas coisas em sua vida, mas talvez tenha sido a primeira vez que homens como aquele entram em seu espaço.

Jake por outro lado já havia se acostumado com aquilo, normalmente ele correria, talvez agora já teria desaparecido dali, mas dessa vez não queria fazer isso, finalmente entedia a natureza de quem estava lutando, entendia também porque o estavam procurando, e entendia um pouco mais do que acontecera cinco anos antes, seus pais haviam morrido por uma causa, e ele havia sobrevivido pela mesma razão.

Ele foi rapidamente identificado, ele é rapidamente arrastado, o jovem não resiste e nem luta contra isso, apenas se deixa levar, ele é pego, algemado e impelido a sair do ônibus sendo observado com olhares de incompreensão, repulsa e medo. Aquilo poderia levar a eternidade, ele é algemado, com algemas um pouco diferentes do normal, o que elas fazem, elas basicamente piscam e processam, além de incomodar o seu pulso.

Sabia que aquelas algemas e o banco de trás daquele carro eram preparados para prender pessoas como o Jake, pessoas como ele, mas sabia que era diferente, até mesmo diferente de quem era diferente, era curioso, mas era perseguido justamente por isso, mesmo assim eles não tomaram a devida precaução, provavelmente por não saber que precisariam.

Mesmo aquelas algemas e o banco de trás do carro não o segurarem, ele seria levado para onde queriam que o levassem, ele gostaria de respostas e uma vingança, talvez a vingança fosse o maior objetivo.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Passado e Presente

Se encontrava perdido entre os abismos do passado e o deserto do presente.
Provavelmente se ele se lembrasse do passado, diria que tem medo do presente. Sua memória era imbuída com cenas que não acreditava que teria esquecido. Lembrava agora do aconchego dos pais, das travessuras de sua infância, das noites alegres de natal.

Hoje ele anda sem rumo no deserto do presente, suas pegadas são apagadas logo ao serem deixadas para trás. Caminhava sem distinguir ao certo por quanto tempo, não sabia o tempo que levara caminhando e nem suspeitava quanto tempo caminharia, um dia? Talvez dois, seu corpo estava desidratado e sabia que não aguentaria por muito tempo sem água.

Talvez em algum lugar de sua memória houvesse uma resposta, ou ao menos um modo de sobrevivência, talvez tivesse sido escoteiro e ganho uma medalha de escoteiro do deserto. De fato ao pensar que isso poderia ter acontecido, era cômico, não se olhava como um escoteiro, por mais que seu passado fosse um abismo sem fundo e sem resposta, sabia que seria improvável encontrar algum escoteiro nele.

O que era pior para ele no momento? Não sabia ao certo, a sede? Não, acreditava até que o sol no momento fosse pior que a sede. Então o que seria? O que estava apertando o seu peito e acabando com seus pensamentos? Medo. Tinha medo de morrer ali, tinha medo de desmaiar de sede e nunca mais levantar novamente, curiosamente também tinha medo de sair vivo do deserto, o que faria depois? O que faria se sobrevivesse? Tentaria lembrar de todo seu passado? De como viera parar ali? Teria alguém o procurando? De fato, não sabia e isso talvez fosse a coisa mais assustadora.

Andou por horas, horas que pareciam dias, dias que o levou a uma esperança, esperança, algo sempre bom, correto? O importante dessa esperança que ele ia continuar vivendo por mais alguns dias ao menos, encontrou uma pequena poça de água, será essa sua esperança de sobreviver mais um pouco? Estava em um pequeno oásis, talvez não daqueles que vimos em filmes ou que viram rotas comerciais, apenas uma pequena nascente, parecia ser recente. Um pequeno oásis com uma rala vegetação rasteira e o que parecia ser mais estranho, uma caveira, uma cabeça de um animal parecida com a de um boi. Passar por sua cabeça rapidamente o que um boi estaria fazendo ali, mas estava mais preocupado com sua sede.

Sacia sua sede em alguns minutos, longos e demorados minutos que pareciam ter esgotado a água da nascente, talvez não, mas sabia que não deveria esperar muito.

- Olá, qual é o seu nome?

Claro que não havia ninguém ali, mas o homem sabia que a perguntava havia vindo da caveira. Talvez tenha bebido muita água rápido de mais. Dizem que comer rápido após um jejum prejudica a saúde, claro que não falaram nada sobre água.

- Stephen...

Claro, agora ele respondia calmamente para a caveira.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Visita à Sangye

Já se faziam cinco anos, cinco anos que Jake perdera sua familia. Lembrava disso como se fosse um grande buraco em seu passado, um buraco ainda não preenchido, um buraco em seu mundo, imagina as vezes que tipo de vida estaria levando agora, sabia que era improvável, veja bem, improvável estar onde estava nesse momento.
Jake atravessa o umbral de uma porta velha, entrava agora em uma espécie de casebre, ele olhava com interesse a mesa tipo escritório e uma senhora de aproximadamente 70 anos sentada atrás dela, possuía um caderno simples e escrevia em um caderninho com uma letra bem trabalhada. Ela apenas levanta o olho e continua com seus afazeres.

-Gostaria de falar com o senhor Sangye. - Sua língua embolava enquanto tentava pronunciar cada palavra com calma, não falava em sua língua natal, era evidente, talvez a única coisa que tenha pronunciado correto séria o Sangye, que saira de sua boca como um Sanjaiii, ou algo assim.

A mulher demorou um pouco para captar cada palavra, mas fora bondosa e receptiva para alguém que acabara de cometer um assassinato a sua própria língua, mas educadamente aponta um dedo para uma escada e diz umas palavras que Jake acredita que sejam, "Primeira porta a esquerda.".
Segue pela sala calmamente, a cada passo que dava ouvia um barulho agudo de uma madeira mal encaixada, ao menos pelo que julgava. Subia a escada e a cada passo que dava sentia como se tudo fosse desmoronar em seus pés. Estava em lugar escuro e aparentava que aquilo ia desabar a qualquer momento, mal sabia Jake que dali duas semanas de fato aquele prédio iria desabar, para seu equívoco, não por causas naturais.
Bate duas vezes na porta e quase imediatamente um senhor abre a porta, educadamente Jake pergunta se eles podem falar em inglês, uma língua que estava mais familiarizado, para seu alívio Sangye falava, ele aponta para uma espécie de puff em um canto da parede, o senhor parecia ser bem mais velho do que qualquer pessoa que Jake já vira, talvez uns 100 anos? Provavelmente mais, o senhor era magro e possuía marcas em todo o corpo, talvez alguma doença o abatia, o seu cabelo branco era ralo e bem penteado, o oposto do cabelo cheio e desgrenhado do jovem, se sentou no chão no lado oposto.

-Me disseram que você tem matado muito deles. - O velho começou sem pudor, já imaginara porque o jovem fora até ele.
-Eles acabaram com minha familia. - Jake não demonstrou que estava assustado com a colocação de Sangye, apesar de não ter idéia o quanto o velho sabe, mas por enquanto nada surpreendente, muitos sabiam o que ele fazia, talvez esse seja o problema, havia chamado atenção de mais.
-Isso não é uma boa desculpa, mas de qualquer jeito, esse não é o motivo da sua visita.
-Me disseram que você era bom, e fazia o que eu faço. O que quero dizer é que preciso saber quem exatamente eles são.
-Você é mais ingênuo do que pensei, então o que você quer me dizer é que você está nessa guerra, que talvez tenha começado comigo, e ainda não sabe contra quem luta? Tudo que você tem feito é caça-los como monstros em busca de vingança?
Jake se mantinha em silêncio, estava nisso a tempo o suficiente para saber apenas como eles lutavam, as armas que usavam e com repelir isso, mas talvez visse que tivesse algo a mais. Estava cansado de não saber as resposta, e agora, parecia que ia tê-las. Logo em seguida Sangye começa a falar, por horas, talvez tenha parecido dias, um grupo de informações indefinidas, e finalmente, e finalmente ele sabia quem eram seus inimigos, o que realmente estava acontecendo, o porque de certas pessoas o terem ajudado, além de situações que não conseguia explicar e possuía uma certa idéia do motivo de seus pais serem assassinados, tudo parecia fazer sentido em sua cabeça.