Sentia-se pendurado por dias, sabia que estava ali não mais que 6 horas. Perdeu toda a noção do que havia acontecido, sentia apenas uma dor remanescente, não sabia ao certo o que pensar, deixou sua mente correr, ela agora voltava na sua infância. Sua memória tornava as coisas confusas, não sabia se o que se lembrava realmente havia acontecido, pensava que em um dia na sua vida, aquela lembrança não era apenas uma lembrança, era o momento, queria por mais que tudo voltar naquele dia, lembra que iria viajar com seus pais. Um passado que estava preso em suas entranhas. Não lembrava de muita coisa, mas ao certo lembrava que era feliz, porque ele nunca mais sentiu o que sentia naquela época?
A inocência da infância, o fato de que o passado sempre já foi melhor que o presente, sabia que na sua vida, sempre foi assim, o passado sempre parecia mais saboroso que o presente. Não devia ter mais que cinco ou seis anos, corria por sua casa com flores em sua janela, segurava uma bola em suas mãos. Lembrava da existência do pai e da mãe, mas não lembrava mais de seus rostos.
Sua alma não expressava nada, alem da vontade de estar lá, era tão bom e nesse momento sua memória parecia tão forte que poderia sentir o vento bater em seu rosto. Sentia o cheiro das margaridas na janela de sua casa, corria de uma ponta a outra com total liberdade, liberdade que ele sempre quis e só agora percebe o quanto já foi livre. Não sabia se ele perdeu ou se fora tirado dele, o passado era negro, é algo como a mão da morte o mostrando que sua vida não faz sentido, via que nunca mais poderia recuperar sua felicidade, ela estava presa, perdida no tempo.
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